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  • Foto do escritormelody erlea

A história rebelde do tartan

[texto publicado originalmente na press pass]



Não é à toa que Vivienne Westwood escolheu o tartan como uma das estampas representativas de seu legado: o padrão escocês era a maneira simbólica da estilista reafirmar seu desgosto pela monarquia inglesa e seu apoio à independência da Escócia. Foi desse xadrez que Westwood vestiu Johnny Rotten para que ele cantasse sobre o fascismo da rainha à frente dos Sex Pistols.


O tartan é paradoxal: ao mesmo tempo preppy e subversivo, tradicional e rebelde, sua história de contracultura começa muito antes dos punks da década de 1970. O tecido, proveniente da China, se tornou o preferido dos trabalhadores e soldados escoceses por volta do século 16, por sua duração e conforto. A vestimenta era tão popular que no século 17 foi banida pelo governo inglês, temeroso do crescimento de um sentimento de comunidade entre os dissidentes escoceses.


A proibição teve o efeito contrário do desejado: o tartan passou a ser usado por toda a Escócia como símbolo da resistência e se tornou o kilt, item de vestuário que é parte integral do patrimônio cultural do país. Foi também nesse período que famílias aristocratas e de classes mais altas passaram a registrar certas padronagens, cores e dimensões como pertencentes a seus clãs - dando à estampa um status de exclusividade, que garantiu o fim de sua criminalização.


O tartan é modesto o suficiente para uniformes escolares, prático o suficiente para lenhadores e cowboys, sedutor o suficiente para a alta-costura e transgressor o suficiente para o punk, o grunge, o rap e o hip-hop: uma das estampas mais populares - e mais politizadas - da história.

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