[publicado originalmente na fresh people]
Grace Jones é uma das figuras mais singulares da cultura pop desde a década de 1980. Com quase 50 anos de carreira, a imagem de Jones segue permanentemente autêntica e seu legado ainda influencia música e moda - e muito disso se deve a sua parceria com o estilista Issey Miyake.
Foi Miyake que a ofereceu sua primeira grande oportunidade, em meados dos anos 70, quando a futura superstar ainda estava tentando, sem muito sucesso, uma carreira como algo que ela definia como “não uma cantora, não uma modelo, não uma dançarina, não uma atriz, não uma artista: tudo isso misturado mas completamente diferente”. Miyake a contratou para seu desfile “12 Black Girls”, de 1976, e sua interpretação performática da moda era o conduíte que faltava para a visão artística de Jones fluir.
Tanto a cantora quanto o estilista tinham uma visão inovadora de arte, moda e imagem, e os dois estabeleceram uma parceria artística de experimentação e aventura. Para Miyake, roupas precisavam entrar em movimento, vestir corpos, criar vida e se transformar em algo mais-que-humano, para além dos limites de tempo, lugar ou gênero - e Grace Jones, com sua recusa total a se conformar a padrões e sua estética fantástica e andrógina, era a modelo ideal.
A parceria gerou frutos para ambos: enquanto Miyake ganhou uma musa, modelo e cliente que o colocou no mapa da cultura pop, Jones ganhou um mentor e amigo: ele a apresentou aos movimentos simples e impactantes da arte teatral japonesa Kabuki, que ela incorporou a seus movimentos de palco e danças.
Com as roupas de Issey Miyake, Grace Jones construiu seu estilo pessoal, parte indistinguível do resto de sua performance artística e ferramenta valiosa para construção de sua persona pop. Música, performance, moda, arte… como a própria Grace Jones costumava dizer: “tudo isso misturado mas completamente diferente”.