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Buffalo: o coletivo fashion que profetizou a moda contemporânea

[texto publicado originalmente na fresh people]



Tenta visualizar a Inglaterra da década de 1980: cinzenta e industrial, em crise econômica e sob o duro comando de Margaret Thatcher, na era do pós-punk, com a estética da rebeldia dos punks levemente desgastada, mas o sentimento ainda presente. Agora, pensa na distância absurda das imagens de moda em revistas da época: sempre coloridas, super produzidas e femininas, retratando corpos brancos e magros.


Foi nesse contexto paradoxal que o estilista Ray Petri e os fotógrafos Jamie Morgan e Mark Lebon criaram o coletivo Buffalo e – aliados a um grupo de artistas independentes e disruptivos – mudaram a cara da fotografia de moda.


Petri havia crescido na Escócia, rodeado de homens vestindo kilts, e depois morou no Zimbábue. O designer voltou para Londres com o olhar fresco de referências e decidiu arriscar uma estética completamente inédita para a época.


O coletivo Buffalo não contava apenas com os três membros fundadores, mas uma comunidade de artistas, stylists, fotógrafos e modelos normalmente rejeitados pelo mainstream. Na busca por imagens únicas e inesquecíveis, Jamie Morgan decidiu procurar adolescentes nas ruas para modelar a série fotográfica “Killers”, que estampou a capa da revista The Face e quebrou paradigmas do que uma imagem de moda deveria ser.


Muito antes da popularização do streetwear e do athleisure, os artistas do Buffalo já criavam sua própria maneira de misturar itens de alta moda, como joias e ternos, com peças de vestuário do esporte e do hip hop. Ray Petri e seus colegas queriam justapor os contrastes presentes na vida real, do futebol à Família Real, dos indígenas norte-americanos aos militares britânicos, “tudo que tivesse estilo e cultura”, de acordo com Jamie Morgan em entrevista para a Vogue.


Naomi Campbell e Jean Paul Gaultier foram alguns dos membros do coletivo Buffalo, e artistas como Madonna e Neneh Cherry apoiavam o grupo de artistas e estilistas experimentais – e embora quase esquecido, Buffalo foi profético e influenciou mudanças que apenas hoje estão se disseminando, como fluidez de gênero, androginia, diversidade étnica, e o apagamento de limites entre alta costura, moda esportiva e streetwear.

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