melody erlea
martin luther king e estilo como ferramenta de resistência

@aquelafernanda_ trouxe outro dia uma discussão muito massa sobre estilo e elegância na comunidade negra. "se você for negro no brasil, estar bem vestido pode ser a diferença entra estar vivo ou estar morto". lembrei muitissimo desse post da fernanda hoje, quando vi o martin luther king num post do @darnelljamal: se houve um ativista que entendeu e se apropriou do poder da moda, da fotografia e da imagem, foi ele.
uma de suas referências e inspirações era frederick douglass, um ex-escravo que virou ministro, ativista e abolicionista do século XIX que acreditava no poder social da fotografia - de acordo com ele, uma mídia que não mente, mesmo nas mãos de brancos racistas.

martin entendia o poder que sua imagem teria em como a história se lembraria dele, e se vestia sempre impecavelmente - seja quando mais elegante, com inspirações do dandy (lembra quando falei da importância do dandy negro?), seja quando usava referências das roupas de trabalhadores. suas roupas representavam sua pluralidade e habilidade de se movimentar por diferentes esferas sociais - das igrejas negras à casa branca, além de cumprir seu papel como pai e marido.
moda serve como ferramenta de resistência e revolução: ajuda a desmontar estereótipos, a reafirmar individualidade e a demonstrar igualdade estética e cultural - seja a povos oprimidos ou opressores. martin luther king jr sabia disso e não falhou em usar estilo, moda e elegância pra cravar sua credibilidade.

suas roupas eram uma linguagem, que estabeleciam conexão com seu interlocutor, criando conforto e facilitando o diálogo e o debate. martin dominava essa linguagem e seus vários dialetos, adaptando sua imagem à ocasião, mas nunca parecendo desleixado ou mal-arrumado.
hómão, é assim que chama.
e moda, gente, ainda fico de cara quando alguém diz que não se interessa.






