melody erlea
por que pensar em moda e em sustentabilidade
(imagem do pinterest)
desde que decidi começar esse blog tenho conversado com amigas, amigos, familiares e pessoas da internet sobre essa coisa da roupa, de gostar de roupa, de querer falar sobre roupa e se relacionar com as roupas. também tenho conversado muito sobre auto-estima, sobre viver uma vida mais simples, sobre equilíbrio e da onde ele vem, sobre escolhas do que a gente consome, de como a gente vive, do que a gente come, do que a gente veste...
essas conversas, que eu só comecei a ter depois desse blog, ou seja, não faz nem três meses, tem me feito perceber essa tendência, pelo menos aqui na minha bolha, de se apropriar das ferramentas de sobrevivência que existem na sociedade. se apropriar de como a gente come, de onde vem nossa comida, de como ela é feita. se apropriar de como a gente se veste, de onde vem nossa roupa, de como ela é feita. se apropriar de como a gente usa nosso cabelo, que produtos colocamos na nossa pele. se apropriar de como e do que a gente compra, da onde vem todas essas coisas compráveis, como esses coisas são feitas, quem as está fazendo e quais são as condições em que vivem.
essa apropriação vem aos poucos, começa de um jeito diferente pra cada um, mas a questão é que isso traz consequências, mudanças maiores, que pelo menos pras mulheres com as quais conversei, vem junto com um se apropriar de si mesma, de seu próprio corpo e da nossa imagem. ou seja, tem uma questão de auto estima que aflora quando falamos sobre sustentabilidade e sobre não comprar ou comprar menos.
recentemente passei pelo medium a procura de textos, ideias e conversas sobre sustentabilidade e moda, e num texto chamado why i care about sustainable fashion encontrei essa citação:
“It’s a look at the force of unregulated capitalism. How unregulated capitalism commodifies everything. It commodifies human beings. It commodifies the natural world and exploits them until exhaustion or collapse. Of course this is why the environmental crisis is twined with the economic crisis. And Polyani, although he is an economist, uses the word sacred. When a society loses the capacity for the sacred, when there is nothing sacred about human life, when there is nothing sacred about the natural world, it commits self-annihilation. It cannibalizes itself until it dies.”
achei bonito e forte, e uma tradução bem clara dos porquês desse movimento do simplificar, do consumir menos, do ser mais natural. há muito tempo me incomoda o transformar tudo em produto e em commodity: ideologias, lutas, modas. mas é há menos tempo que eu me pergunto qual é o meu papel nesse comercializar de tudo. o quanto eu invisto incentivo esse caminho do comércio? como posso fazer para investir menos e incentivar menos?
foram essas perguntas que eu comecei a me fazer, mas o meu caminho não começou pela sustentabilidade nem pela consciência do todo: começou com eu percebendo que em muitos sentidos eu permitia que o mundo ao meu redor fizesse eu me odiar, me sentir inapropriada, feia, insuficiente. percebi que meus mecanismos de melhorar minha auto-estima só serviam pra que que me achasse inadequada e precisasse de mudança, de máscaras. daí pra decidir parar de comprar coisas supérfluas foi um longo caminho, e desse ponto onde eu tô agora pra viver uma vida sustentável, com menos lixo, menos impacto, e mais simplicidade, também existe uma longa jornada.
nas próximas semanas vou contar, aos poucos, sobre o meu caminhar em direção a uma vida mais sustentável e mais simples, e que impacto isso está tendo em muitos aspectos da minha vida. mas ainda estou aprendendo, estou no começo, ainda desperdiço muito, como mal, produzo muito lixo, tenho muita roupa, etc. e tenho aprendido muito com algumas molieres maravilhosas dessa interwebs de meudeus, e hoje queria compartilhar com vocês quem são elas e como elas tem me ajudado!
em relação a viver melhor com menos, tenho aprendido muito com a karin, do por favor menos lixo. ela dá dicas simples de como diminuir sua produção de lixo mesmo se você ainda não consegue fazer a grande mudança pra vida de lixo zero ainda. no um ano sem lixo também dá pra ler sobre a jornada da cristal rumo a uma vida sem lixo. o blog the private life of a girl é em inglês, mas recomendo super pra quem quer começar a organizar uma vida com menos coisas: ela tem passo a passo pra você desetulhar seu escritório, sua casa, sua vida, ela fala bastante sobre estilo de vida minimalista - e ela concorda comigo que esse formato de armário cápsula de 30 e tantas peças não é realmente parte de um viver minimalista. a cait flanders ficou dois anos sem comprar absolutamente nada que não fosse realmente necessário - ela também escreve em inglês, mas vale a pena a leitura. além de falar sobre viver com menos coisas, ela tem muitos posts sobre finanças, sobre se organizar financeiramente, sobre economizar dinheiro. e ainda no tema de finanças, o blog morando sozinha também vale bastante a pena.
em relação a moda criativa e/ou sustentável, tenho acompanhado os seguintes endereços:
no man repeller, a coluna 5 days 5 ways, em que moças rycas e estilosas de nova york fazem exatamente isso que estou fazendo desde 2 de janeiro: escolhem uma peça de roupa e a usam por 5 dias de 5 maneiras diferentes. apesar de eu ser fãzona do man repeller só descobri essa coluna recentemente e amay!