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  • Foto do escritormelody erlea

procura-se susan desesperadamente, quase uma distopia


procura-se susan desesperadamente é uma loucura do tipo que só os anos 80 poderiam fornecer, e não sei se é porque durante minha infância minha mãe falou desse filme muitas vezes (ou assim minha memória me diz) ou se porque eu realmente amo essa fase da madonna (começando a conquistar o mundo, trazendo aquele visu punk pro mundo pop mainstream), mas eu amo esse filme com todas as minhas forças.


assim como em quem é essa garota, nesse filme madonna interpreta um tipo de garota descolada da nova york pós movimento punk, com aquele seu look que virou sua assinatura por muito tempo: colares e crucifixos aos montes no pescoço, braceletes de borracha e com spike quase até os cotovelos, cabelo loiro desgrenhado daquele jeito perfeito, muitas rendas com sutiã aparecendo, sobreposições e, o item protagonista do filme, uma jaqueta de lapelas estampadas e um bordado de pirâmide dourada nas costas, que é justamente a peça que dá início às peripécias do filme. esse casaco é tão icônico que, na época do filme, a mtv fez uma promoção sorteando algumas réplicas - achei duas no ebay, uma por mais de 3 mil reais e a outra por quase 5 mil.



susan, personagem de madonna, é uma free spirit rebelde rodeando os estados unidos e se comunicando com um namoradinho à distância pelos classificados. quem acompanha essa história toda com muito interesse é roberta (rosanna arquette), dona de casa e esposa de um típico yuppie, daqueles caras chatos que só fala sobre seu negócio e tá sempre de terno e gravata. se vocês acham que stalkear estranhos é coisa da era das redes sociais, ledo engano: o grande hobbie de roberta é acompanhar essas publicações pessoais, e por algum motivo ela se encanta pela troca de mensagens entre a misteriosa susan, de diversos lugares do país, e seu boy.



quando, pelos classificados, roberta descobre que susan vai encontrar o boy em nova york, sua cidade, ela decide dar uma stalkeada IRL e ir até o lugar de encontro do casal. por uma sequência de desventuras do destino, roberta acaba comprando a tal jaqueta da pirâmide dourada - que supostamente já foi de jimi hendrix - no brechó onde susan havia acabado de trocá-la por um par de botas. também como parte dessas desventuras, susan se despede de seu boy, um proto-punk-sid-vicius-cover que sai em turnê com seus amigos numa van grafitada de onde a gente ouve tocando lust for life, do iggy pop, descobre que sem querer roubou brincos de nefertiti egípcios que deveriam ir para um museu, perde a chave do armário público na rodoviária onde guardou sua mala (num saudoso tempo pré 11 de setembro, quando novaiorquinos não tinham medo de bombas terroristas), vai presa por uma noite e, quando é liberada, vai atrás da roberta - pra achar a jaqueta da pirâmide dourada, em cujo bolso está a chave do armário da rodoviária onde está a mala de susan com os brincos milenares que ela roubou por acidente.



enquanto isso, como se esse roteiro já não fosse sem pé nem cabeça o suficiente, roberta bate a cabeça, perde a memória, é confundida com susan por um mercenário dealer de antiguidades que quer assassiná-la, conhece um boy gato proletário no maior estilo alladin-e-jasmine-i-can-show-you-the-world com quem se hospeda quando tá com amnésia, e arranja um emprego como assistente de mágico.



tudo isso enquanto o filme serve luquinhos oitentistas de babar, trilha sonora delicinha e uma visão de nova york que transmite bem a vibe das décadas de 70 e 80, em que violência dominava as ruas e acreditava-se que a cidade estava à beira de um colapso. ao mesmo tempo, o absurdo completo da história e os estreótipos contrastantes da juventude punk versus a juventude yuppie deixam o filme deliciosamente datado e non-sense, como se saído de uma distopia fictícia com estética retrô. procura-se susan desesperadamente, praticamente um blade runner.

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