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  • Foto do escritormelody erlea

repetir roupa? pra quê?

tenho pensado muito nessa ideia de consumismo minimalista, de comprar menos, de consumir menos coisas desnecessárias, de abrir mão de supérfluos, de ter uma relação mais saudável e honesta com consumo, com gastar dinheiro, e com roupas.

a verdade é que sempre gostei de moda, de me vestir, de me expressar através das minhas roupas. mas demorei 29 anos pra ter um guarda-roupa que me parece realmente funcional, prático, estiloso e que transmite do jeito que dá quem eu sou.

será?

resolvi por à prova.

passei os primeiros 6 meses de 2016 sem comprar roupas, nem nada de vestuário (acessórios, sapatos, etc) e não me descabelei, não tive cold turkey, não sonhei com compras. mas chegou o inverno  eu não tinha calças e 90% das minhas blusas eram crop tops (me empolguei levemente nessa tendência nos últimos anos, agora me aproximo dos 30 e meu peso flutua loucamente e eu me pergunto se as ~mini-blusas~ ainda são apropriadas pra mim. mas que se foda, eu uso o que eu quiser), então tive que dar uma bela recauchutada nas minhas roupas de frio. e também renovei minhas calcinhas.

esse ano a ideia é não comprar roupas durante o ano todo. além disso, cada vez mais percebo uma mudança interna em mim, uma mudança meio lenta talvez, mas tá aí, tô sentindo, e a pessoa que tá resultando dessa mudança quer menos entulho, menos coisa guardada sem uso, e isso não só em relação às roupas. dos livros que eu tinha na casa dos meus pais, trouxe menos da metade pra cá, e dos que eu trouxe, já levei de volta ou doei quase metade. a compra do kindle no meio do ano me ajudou na questão do acúmulo de livros. e também já cortou um grande gasto que eu tinha, os tais do motherfuckin livros. livros são caros, gente, e ebooks, galera, existem de graça na interwebs (e eu sou a favor da pirataria, vcs me dscpm). e tá, tem sebo, mas algo que aconteceu comigo também nos últimos anos foi a mudança na minha preferência por sebos e brechós: se é pra comprar, tenho preferido que seja limpo, novo, fácil de encontrar na loja, sem cheiro de bolor ou perfume de gente morta. isso soa horrível? ainda não decido o que penso sobre essa mudança, mas acho que é a velhice se aproximando, a tal da maturidade que disseram que chegava um dia. (eu ainda amo brechós e as preciosidades que posso encontrar neles, mas, gente, que preguiça tem me dado, é tudo entulhado, cheira mal, os lugares são escuros. sei lá, tô velha, se pá.)

os livros não foram as únicas coisas das quais me livrei. mesmo tendo renovado muita coisa no meu guarda-roupa na segunda metade desse ano, me livrei de muito. especialmente nos últimos meses de 2016 tive de supetão uma vontade de ter um conjunto de roupas mais coesas, mais adultas - eu só tinha estampa louca e cor louca, e não queria mais ser conhecida como "a mina das roupas coloridonas". então me livrei de muita coisa, muita mesmo. das 40 saias com as quais comecei o ano passado, terminei com 12. ou seja, fiz uma baita duma edição loucona. minha mãe achou que eu tava ficando louca. mas a cada peça de roupa que eu mandava embora, a sensação de alívio era maior.

vocês não tem noção, gente, do bem que faz. ver que aquele monte de coisa não te serve pra nada, não acrescenta nada, só ocupa espaço na sua casa, na sua cabeça.

quero conseguir me livrar de mais coisas durante o ano, mesmo sem comprar nada. quero tentar usar as roupas que sobraram de maneiras bem mais criativas do que eu consigo imaginar agora.

mas lendo umas coisas por aí, percebo que a coisa não é só com livros e roupas. eu queria mesmo tentar comprar nada além dos poucos itens da minha listinha de compras de 2017 - que até o momento inclui coisas meio que necessárias, como um sofá (ainda não tenho), molduras pra todas as ilustrações e quadros que ainda tão no chão, e mais uma estante pra cozinha pois não tenho lugar pras panelas. capaz de passar o ano todo e eu não comprar o sofá por motivos de: nem um pouco essencial pra vida, afinal passei o ano passado todo sem ele. além disso estão na minha lista despesas como ipva, renovar passaporte e habilitação, essas coisas da vida em sociedade.

li sobre gente que cortou comer fora, café fora de casa (eu não tomo café mas gente), sabe, todas essas coisinhas que são apenas prazerosas mas bem desnecessárias, mas agora me pego pensando se vale a pena abrir mão até desses prazeres, custosos claro, mas o que resta da vida se a gente se proíbe tudo?

acho que tudo depende dos nossos objetivos pessoais, claro, mas a ideia é não ser consumida por coisas, por dinheiro, por comprar, e não se privar de absolutamente tudo.

uma coisa que li que ficou na minha cabeça foi de uma moça que cortou todo tipo de compras desnecessárias por um ano (ou seja: só comprou comida, coisas de higiene e limpeza, e algumas coisas que ela tinha na lista de compras necessárias - uma cama, por exemplo). ela conta que no último mês sem compras as pessoas perguntavam o que ela ia comprar pra celebrar, e ela não queria comprar nada. não tinha nada que ela quisesse que ia fazer com que ela sentisse que a vida dela ia ser melhor.

vocês entendem? ela sabia, sem grandes conflitos ou dúvidas, que nada que ela comprasse ia deixar ela mais feliz.

taí uma coisa que eu queria sentir, e se eu preciso ficar um ano sem comprar porrinha fashion ou porrinha eletrônica pra sentir isso - que minha vida está just right e não tem nada que eu possa comprar que vai fazer dela melhor - bom, taí algo que eu tô disposta a fazer.

(considerando, além de tudo, que meu income vai ser um terço do que estava sendo até agora, parece que essas minhas ideias surgiram na hora certa)

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