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  • Foto do escritormelody erlea

semana 6 - contribuições das leitoras e algumas respostas a perguntas que merecem respostas

recebi de uma amiga muito querida, a bia, algumas fotos e um relato sobre a tentativa dela de usar a mesma roupa a semana toda. a bia escolheu essa saia e comentou que sempre usava a saia do mesmo jeito:

a regata ela disse que é um coringa do guarda-roupa e tem desde os 14 anos e é de um tecido maravilhoso que não esgarça, não desbota, ou seja: até os 80 anos dá pra usar. AMO/SOU peças de roupa que temos desde a adolescência. a bia já mandou a primeira foto empolgadíssima de ter transformado a saia num vestido. ela também fez o nó no cinto que disse ter aprendido aqui! e depois da semana usando a mesma saia, descobriu que aquele jeitão que ela usava exatamente igual sempre que decidia vestir a saia é na verdade o jeito que ela menos gosta de usá-la!

Eu sou a Bia e estudei com a Mel na faculdade. Sempre gostei das combinações de roupa que ela usava e sempre admirei a criatividade e a ousadia deça pra se vestir. Eu, em compensação, sempre considerei meu estilo básico e nunca fui ousada nas minhas combinações. Adorei o blog da Mel desde a primeira postagem. Achei a proposta incrível, mas automaticamente achei que eu jamais seria capaz de realizar o desafio da peça. Mas quando ela fez a semana da saia maxi (nome que eu desconhecia), tive uma luz. Tenho várias saionas que adoro e uso sempre da mesma forma, então resolvi testar novas combinações como as que a Mel fez. Pra minha total surpresa, foi um sucesso! Não só consegui usar a saia de várias formas diferentes (e confortáveis), como fiz algumas combinações que, para mim, foram superousadas (o look da cintura alta com cintão, por exemplo). Além disso, desengavetei várias peças e acessórios que não usava há meses (e anos!) e que nunca conseguia combinar com nada. Para mim, essa experiência tem sido incrível, pois mudou a minha forma de enxergar minhas roupas e - acreditem - o meu corpo. Sem exagero, considero que foi uma revolução na minha vida, pois mexeu muito com minha autoimagem e autoestima. Obrigada, Melzinha! Você é mara! <3 i="">

pra quem tinha comentado sobre a questão do meu estilo meio alternativo atrapalhar um pouco na hora de tentar copiar os visus: a ideia é que copiemos ideias novas e sugestões de uso, não a roupa em si. a bia tem um estilo bem diferente do meu, e ela conseguiu, da mesma maneira que eu, usar a mesma saia de vários jeitos. pra conseguir isso não precisamos ter a mesma saia ou o mesmo estilo que ela, apenas usar das estratégias que ela usou: variar no comprimento, usar a saia como vestido (aliás, até nisso ela conseguiu variar o comprimento e ter um vestido longo e um curto com a mesma saia), marcar ou não a cintura, usar ou não a terceira peça... tudo isso dá o ar de novidade e criatividade,e independe se você é uma mulher clássica ou mega moderna alternativa underground etc.

fun fact: recentemente recebi perguntas sobre dicas de estilo, truques pra criar ilusões de alongamento, afinamento, combinações de cores, essas coisas todas que a gente aprende quando faz curso de consultoria de estilo. umas das perguntas que recebi foi de uma rapariga que diz amar saias e vestidos mas não consegue usá-los porque suas coxas ralam uma na outra e aí, né, gente, machuca. uma vez a miley cirus disse que dá pra ser feliz mesmo se suas coxas encostam uma na outra, mas ela claramente nunca teve esse problema no verão brasileiro ou não diria um absurdo desses. pois bem que bia, adorável donzela das fotos acima, numa viagem que nós fizemos em 2008, ficou com as pernas assadas de tanto andar por aí de vestido. bia então comprou um shorts "fusô" (é assim que se diz hoje em dia?) achando que o problema ia estar resolvido mas se eu me lembro corretamente a barra do shorts também ficava ralando nas coxas dela.

ou seja, não sei a solução para esse problema. tem gente que passa talco, tem gente que se dá bem com o shorts - inclusive acho que se ele for mais comprido, chegando quase no joelho, a barra não está mais naquela parte das pernas que se encostam, então fica tudo bem. só não dá pra usar saia muito curta. OU e eu acabei de ter essa ideia genial, pode-se trocar o vestido curto por um desses macaquinhos que estão na moda agora (tenho quase certeza que hoje em dia eles não se chamam mais macaquinhos também, mas a única outra nomenclatura que consigo lembrar é o shorteralls da hannah horvath e não acho que essa palavra exista de verdade)

enfim.

queria aproveitar esse momento pra responder algumas das perguntas que recebi aqui nos comentários (torcendo muito pros comentários terem sido de leitoras de verdade e não da minha mãe se passando por várias pessoas).

a eliane, que não é minha mãe mas é minha tia, o que é quase a mesma coisa, sejamos honestos, pediu pra eu falar um pouco sobre como mantenho minhas roupas preservadas a semana toda. em citação direta: "Como fica o calor de São Paulo? A imundice e a super lotação do transporte publico?" bom, essa pergunta é difícil, porque falar de mim e de como eu preservo as roupas é bem diferente de sugerir aos outros o que fazer. acredito que meu dia-a-dia esse ano está bem diferente e bem mais tranquilo do que a maioria das pessoas. eu sou professora de fundamental 1 e 2, e pra quem eu vou dar aula cada dia influencia muito no que eu vou vestir e em como posso preservar a peça para os próximos dias. quando estou com os pequenos preciso sentar no chão, corro sérios riscos de me sujar com lanche, tinta, canetinha, baba, suco, ou seja: a coisa deve ser bem pensada. quando estou com os adolescentes, o rolê é outro. o dia também é longo, eu fico de pé praticamente o tempo todo (um dos motivos pelos quais vocês não vêem muito salto por aqui), e corro risco maior de a roupa ficar com aquele clássico cheirinho de suor, pois rotina puxada.

sendo assim, preservar uma peça de roupa durante a semana toda se resume em apenas uma coisa: ter muito cuidado. muito mesmo. o mesmo cuidado que tenho que ter com meus aluninhos pequeninos e às vezes descoordenados, preciso ter com o que estou vestindo. tenho tido atenção especial ao desodorante que uso - algo que também faz parte dessa minha jornada por uma vida mais simples, com menos coisa, e que demanda um certo cuidado na escolha de produtos que eu vou por no meu corpo. essa minha jornada é relativamente recente e nos últimos dois anos aconteceu lentamente, mas esse ano o caminho está se acelerando. a verdade é que desodorantes comuns, aqueles antiperspirantes que compramos normalmente, são muito nocivos à nossa pele, à nossa saúde sudorípara se é que existe isso, e, claro, às roupas. não sei se vocês acreditam naquelas baboseiras de desodorantes que não mancham, desodorantes leves, bom, é tudo mentira. estraga a roupa sim e impede a gente de suar pelas axilas o que é um problemão sobre o qual ninguém fala. eu, além de tudo, tenho alergia aos antiperspirantes, acredito que é por causa do alumínio.

por tudo isso e também motivos de querer ser melhor, da maneira que der, pro mundo, comprei pela primeira vez um desodorante em barra da lush, não testado em animais, sem alumínio e outras podreiras, natural, cheiroso, antialergênico e bem melhor pras roupitchas. vejam bem, isso não é publicidade, a lush nem sequer sabe que eu existo, isso sou apenas eu falando sobre um produto no qual eu acredito e que tenho usado e gostado.

foto daqui

quanto ao transporte público, sua lotação e sua imundície, não sei bem. eu sou muito privilegiada de muitas maneiras e possuo automóvel próprio. não tenho orgulho disso, acho que o caminho ideal de uma sociedade equilibrada e cidadã é transporte público de qualidade que todos consigam usar sem se sentir passando por todos os infernos de dante. eu moro o mais perto que dá pra se estar de são paulo sem realmente estar em são paulo, e aqui na minha região é muito difícil depender de ônibus. da minha casa pro ponto de ônibus mais próximo é uma caminhada de 40 minutos, e de pegar o ônibus pra realmente chegar em algum lugar significa mais caminhadas e trocar de ônibus, com sorte, pelo menos uma vez. então uso o carro, acredito que por estar numa zona que não é metropolitana usar o carro não é tão ruim.

quando vou pra são paulo, normalmente no fim de semana, deixo o carro estacionado e uso metrô e ônibus, mas isso não é tão frequente a ponto de eu ter que pensar em como farei minha roupa sobreviver à experiência. minha dica nesse sentido, pra quem utiliza muito transporte público e caminha bastante, é ter cuidado com os sapatos. para bater perna e se locomover de casa pro trabalho vista um chinelo, um sapato que pode estragar, e mantenha seus sapatos de trabalho, de sair, de viver a vida só pros momentos em que você tá vivendo a vida. mulheres costumam usar bolsas grandes e dá pra deixar uma havaiana guardada pra andar e evitar gastar os sapatos com tanta rapidez.

lavar roupas na máquina também diminui a vida útil delas, e eu sei que é quase inviável pra todo mundo nessa rotina moderna parar e lavar todas as roupas à mão uma a uma. mas usou a roupa em lugares sujos, sentou em bancos ao ar livre e se sentiu imunda depois, escorregou em sujeira na cidade e se enlameou... enfim, numa emergência, uma peça de roupa pontual que você queria usar de novo em breve, dar uma lavada no tanque não é tão difícil assim.

pra quem pediu semana repetindo alguma roupa específica, pódexá que em breve vai ter! pra quem tá acompanhando e comentou sobre o consumo de futilidades, o padrão social de consumir e consumir e consumir, pra quem contou nos comentários histórias pessoais de relação com as roupas e com a própria imagem: tamo junto! uma mulher que se interessa e fala de moda é automaticamente taxada de fútil, mas todas as futilidades do nosso dia-a-dia que todo mundo consome sem questionar, seja homem ou mulher, tudo isso é muito mais superficial do que enxergar e entender a importância da roupa na maneira como a gente se relaciona socialmente e como a gente cria uma imagem nossa. a ideia é mostrar que roupa é importante independentemente de seu valor como commodity e da cultura de consumo extravasado na qual vivemos.

em notas completamente não-relacionadas, eu escrevi no meu outro blog sobre a nova série do momento, que retrata o longo julgamento de oj simpson. falei de ser mulher, de ser ridicularizada por aparência e ter sua competência e trabalho duro esquecidos, de injustiça social, de racismo, de tudo que a série pede pra gente falar. pra quem quiser sair do tema da moda e da vida simples e lembrar que por mais simplicidade que a gente tente trazer pra nossa existência, o sistema social que nos envolve é nada simples e extremamente tenebroso.

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