melody erlea
the warriors: distopia fashion

imagina que exista um universo paralelo onde todo mundo em nova york assistiu laranja mecânica e decidiu que formar gangues com looks muito específicos e lúdicos era o único jeito de viver em sociedade. pois essa é mais ou menos a premissa de the warriors, filme de 1979 que se passa numa realidade distópica em ny levemente baseada na realidade da cidade na década de 70, em que os níveis de violência e criminalidade eram altíssimos e uma suposta proporção de 5 membros de gangue para cada policial.
é nesse contexto que cyrus, líder da gangue mais poderosa da cidade, convoca uma reunião com as 100 principais gangues de nova york pra propor uma trégua entre os grupos para que se unam e dominem a cidade toda. tá todo um clima ciranda-vamos-dar-as-mãos, os boy tudo se abraçando e fazendo as pazes, quando um macho tóxico decide atirar no cyril, acabar com a festa e jogar a culpa nos coitados dos warriors (que eu gosto de chamar de "os the warriors"), os criminosos juvenis mais adoráveis que você já viu, com seus coletes descolados todos combinandinhos :3
aí começa a perenigração dos meninos the warriors, que precisam sair do bronx, onde foi a reunião, e atravessar a cidade até connie island, seu bairro natal, enquanto todas as outras gangues da cidade os perseguem - a gangue de mímicos, os skinheads-hipsters, a gangue de jogadores de baseball, os chineses comunistas, os motown-disco-glamour boys de colete roxo de cetim, os johnny bravos, a gangue dos fãs de grease, a gangue do macacão jeans, e quando a gente já começa a achar que nesse universo distópico só existe homem, aparece a gangue de moças de calça de cintura alta e cabelo com permanente. assim, todo uma variedade bem assustadora de crime organizado pós-adolescente caprichado nos looks, no nível que a gente não sabe se é gangue ou desfile de tcc de estudande de graduação de moda.
pra piorar tudo uma voz misteriosa e sensual no rádio fica relembrando a cidade inteira de que os the warriors tão por aí, fugitivos de uma caçada urbana, e ao longo do caminho vários deles vão ficado pra trás e encontram todo tipo de obstáculo, além das já mencionadas gangues com sede de vingança: uma policial disfarçada, uma groupie de gangues, uma gangue de órfãos, muitas estações de metrô interditadas ou cheias de policiais, tudo isso fazendo do caminho pra casa um épico de provações. não à toa a história é inspirada pelo épico grego anábase, escrito por xenofone, que narra a jornada de um grupo de soldados gregos por território inimigo, na pérsia.
luquinhos impecáveis, lutas power ranger no metrô, um líder de gangue que parece o heath ledger, trilha sonora incrível e temática e uma estética punk-cafona-novaiorquina que você só vai ver parecida na viagem psicodélica no tempo de boneca russa. e eu daria minha vida pra proteger os the warriors.