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  • Foto do escritormelody erlea

sobre ciclos, aniversários e névoas


eu sempre sou a primeira pessoa a descartar os tais dos ciclos comunitários: ano novo, formatura, aniversários. meu pensamento concreto e pragmático me impede de atrelar significados a coisas que, vamos combinar, não tem significado nenhum. eu vejo a vida mais como uma eterna sequência sem fim de acontecimentos (o que é bom às vezes mas péssimo a maior parte do tempo).⠀

os ciclos existem, só acho meio doido a gente aceitar que eles comecem ao mesmo tempo pra todo mundo. ou que eles se encerrem para um novo se iniciar de um dia para o outro.⠀

mas eu tenho pensado muito no último ano, que tem sido, me parece, um longuíssimo e esquisitíssimo fim de... algo. ou não um fim, mas uma mudança lenta e abstrata.⠀

já escrevi esse ano sobre caminhar para fora da névoa. o último ano foi esse caminhar, com a pegadinha constante de que a névoa tá sempre só dois passos atrás. e é esperado que às vezes ela nos alcance.⠀

e o último ano tem sido assim, esse caminhar para o fim desse algo que a gente chama de ciclo e que, depois de pandemia, isolamento social, fim de relacionamentos e amizades, eu simplesmente não consigo ignorar.⠀

essa coisa de fins e recomeços é essa incógnita. a gente nunca sabe se a pessoa no espelho vai ser alguém reconhecível. mil vezes não é. aí de repente eu me enxergo, névoa à espreita no canto da visão, mas eu iluminada, fora da sombra.⠀

e aí preciso olhar para trás e reconhecer todas as pequenas experiências, pessoas, beijos, e conexões que caminharam comigo. para fora da névoa.⠀

e que eu esteja pensando nisso tudo nessa época tão próxima do meu aniversário pode ser coincidência. pode ser que os ciclos sejam mesmo assim previsíveis. ou pode ser que ter celebrado com pessoas novas e antigas na minha vida tenha sido um desses momentos de se reconhecer no espelho.

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