“cannes não vive algo como isso desde brigitte bardot”, era o que murmuravam os presentes no tapete vermelho do festival de cinema de cannes em 1991, quando madonna adentrou o evento vestindo uma luxuosa e schiaparellizesca capa cor-de-rosa - e por baixo dela apenas um conjunto de lingerie branco , custom made por jean paul gaultier. mas assim, não era qualquer lingerie. gaultier e madonna trouxeram de volta ao imaginário popular um modelo de sutiã que não fazia sucesso desde a década de 1950, e mesmo em seu auge jamais assim, de maneira tão escancarada, tão a olhos nus, sem nem um suéter justinho por cima à la jane mansfield.
gaultier já tava fazendo sutiãs-cone desde 1984, e a famosa versão que madonna usou nos shows de sua turnê blond ambition, um corset com sutiã pontudo, era de uma coleção que o estilista desfilou em 1987. mas esse aí, de cannes… esse aí foi um rebuliço. mudou pra sempre a estrutura fashion do evento, que sempre foi mais elegante&modesto. e firmou a imagem de madonna como protagonista de uma narrativa de poder sobre o próprio corpo e a própria sexualidade que nenhuma popstar tinha conseguido até então.
e assim, né, a mulher me apareceu de sutiã e calçola pra apresentar em cannes seu documentário chamado ~na cama com madonna~. quer branding mais bem amarradinho?
esse post não tem muito objetivo nem conclusão, era só um drops rapidinho pra deixar registrado aqui em público que essa é a energia que eu quero emanar em 2024: a energia de madonna em cannes em 1991, cabelo preto preto preto, vestindo sutiã pontudo e calçola, capa digna de realeza francesa do século XVII por cima. não aceito nada menos que isso.
(pra saber mais sobre a história do sutiã-cone, cola aqui nesse post que eu já contei tudo!)