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tô chegando nos 30; vamos falar sobre envelhecer?

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meryl streep duva maior repetindo roupa e envelhecendo como todas nós

eu não acho que posso dizer que fui uma "fumante" de verdade - durante alguns anos carreguei uns cigarros na bolsa pra fazer um charme, pra ser cool na facool, onde, percebi, todo mundo que parecia interessante fumava. não posso dizer que a impressão era totalmente falsa, posto que quando passei a, como disse minha vó uma vez, "chupar uns palitos de cigarro", foi também quando comecei a fazer amigos (e pegar uns boy, né, convenhamos).

tavez o treco me desse uma segurança, me ajudava a me mostrar madura e adulta, e era disso que eu precisava. engraçado que todo mundo dizia que se eu continuasse nunca ia conseguir parar. não sei porque nunca acreditei muito nesse papo - me visualizava aos 30 anos sem fumar, mas não me visualizava me esforçando pra isso acontecer. via pessoas ao meu redor tentando parar de fumar com muito esforço e sem sucesso, mas quando foi minha vez: um dia pensei "não gosto mais disso" e fim. parece que o cigarro tinha cumprido seu papel na minha vida e eu parei de gostar porque as coisas que ele me proporcionava - a tal da segurança pra ser cool e conversar com pessoas e me sentir interessante o suficiente - eu obtinha agora de outras fontes (a fonte no caso sendo euzinha mesmo).

o mundo me preparavam pra chegada dos meus 30 anos de todas as maneiras mais assustadoras e horripilantes. eu percebia que me haviam algumas possibilidades de envelhecer: casar, ter filhos e virar a pessoa que vive a vida em familia; ser independente, rica, com muitos sapatos, viagens e almoços com amigas fabulosas em restaurantes caros, tudo isso com um trabalho home office escrevendo crônicas sobre sexo na cidade; ser a pessoa que odeia a vida, reclama do trabalho, está sempre cansada e nunca satisfeita.

eis que tô na curva final antes do 30 e estou sem fumar, como eu achava que estaria, e também abandonei outros hábitos que achei que me representariam pra sempre mas que de repente deixaram de compôr a imagem que eu queria passar. recentemente aceitei o fato de que também não gosto mais de beber e não preciso ficar me forçando pra manter em mim uma juventude que não existe mais. a franja que eu carreguei com orgulho dos 14 aos 28 anos, deixei crescer e sumir. as idas às baladas, senhor jesusinho, não consigo nem pensar em fazer isso de novo. foi me aproximando dos 30 anos que resolvi parar de alisar o cabelo e aceitá-lo em toda sua natureza descabelada como na adolescência. não me importo mais em rir (e às vezes contar) daquelas tais piadas de velho. eu uso as roupas que quero e não me sinto nem um pouco constrangida. talvez isso seja só o que acontece quando ficamos velhos, né (e se for mal posso esperar praquela época da velhice em que podemos andar de pijama e pantufa na rua, com a camisa abotoada torta, e as pessoas olham e acham fofo).

chegar aos 30, percebo, é poder me permitir ser cada vez eu mesma e cada vez menos ser algo pra impressionar os outros. é me importar cada vez com os parâmetros de sucesso alheios e fazer cada vez mais as coisas por mim mesma. mas além de tudo isso é perceber que todas as coisas que eu imaginava pra mim aos 30 anos acabaram, de um jeito ou de outro, se ajeitando e acontecendo. aprendi, claro, a ser bem menos romântica quanto ao futuro (e ao presente), mas vejo que muitas das minhas expectativas não foram tão fora da curva assim. parar de fumar, por exemplo, aconteceu quando e da maneira que eu esperava.

é engraçado crescer mulher, e ser ensinada que você deve ter medo de envelhecer. percebi, envelhecendo, que nós melhoramos. passamos a nos conhecer e a nos entender melhor, compreendemos que a mulher, de qualquer idade, é retratada de maneira estereotipada e caricata, e que não precisamos tentar ser nada que já não somos.

se aproximar dos 30 é isso: é precisar cada vez menos de muletas pra se posicionar no mundo.

aos quase 30 anos, entendi finalmente que não preciso de cigarros, nem ter franja e usar camiseta de banda underground, que eu posso não querer ter filhos e que eu posso fazer 30 anos e não virar um estereótipo. aliás, sinto que me afasto cada vez mais de estereótipos e formo uma imagem na minha própria cabeça cada vez mais clara de quem eu sou.

vejo tantas mulheres com medo de chegar aos 30, mas preciso dizer que aqui da onde eu tô vendo, me parece ótimo.

e vocês? como se relacionam com o envelhecer? me conta, tô curiozzy!

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