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  • Foto do escritormelody erlea

lady lucy, a estilista que sobreviveu ao titanic



nada melhor que o aniversário de 25 anos de um filme da nossa tenra adolescência pra nos lembrar que já faz 84 anos que sentimos aquele viço e saúde da juventude. e também é um momento legal pra comentar algumas curiosidades sobre essa história - e as roupas nas quais ela foi vivida.



o filme foi muitíssimo aclamado pela precisão histórica das roupas, rendendo à figurinista deborah lynn scott o oscar de melhor figurino naquele ano. ela usou fotografias e ilustrações de revistas de moda da época para reproduzir os gostos da era edwardiana da maneira mais próxima possível - tipo o look da rose de tailleur listrado, copiado quase literalmente da referência.


mas vou pedir pra vocês esquecerem a rose por um minuto - tem uma personagem em titanic para quem a gente devia ter dado muito mais atenção: lucile duff gordon, também conhecida como lady duff gordon, uma estilista inglesa que sobreviveu ao titanic e revolucionou a moda na década de 1910.



lady gordon foi uma das primeiras estilistas no sentido que entendemos hoje, tendo aberto suas lojas e ateliê quase 15 anos antes de coco chanel abrir sua primeira loja de chapéus. e a mulher sobreviveu ao fucking titanic, gente, cês tão entendendo um negócio desses? ela lançou as primeiras saias mais soltas e espaçosas e decotes mais profundos, popularizou corsets menos restritivos e o uso de lingeries mais sensuais e de parzinho - lucy criou o conceito de sutiã e calcinha e causou um FUZUÊ na mulherada da época.


mais do que tudo isso, lucile inventou o jeito que a moda se relaciona com suas consumidoras: ela foi a primeira a dar nome a seus vestidos, inspirados por literatura, cultura popular e história - pra criar uma ligação emocional entre as roupas e as clientes.


alguns designs de lucile:


também foi ela que fez os primeiros desfiles de moda teatrais - eventos como brunches e chás em que apenas convidados entravam, nos quais a estilista mostrava suas novas criações em modelos que ela escolhia a dedo e para as quais dava nomes e personalidades específicos pra encantar a clientela. tinha iluminação e som ambiente pra criar mood, souvenir, drinks, tudo igualzinho um desfile hoje em dia.


lady duff acreditava na diversidade de corpos e queria que todas as suas clientes se enxergassem em suas peças, portanto contratava modelos que variavam muito em altura e tamanho. uma delas, dolores, tinha quase 2 metros de altura, e a phyllis (na foto ao lado), era pequenina tipo eu, com 1m50 de altura 🖤 phyllis veste o vestido tonel, ou vestido barril, de 1915. eu amo como ele brinca com a forma do corpo feminino e tira um sarro dos padrões de modelagem de vestido comuns da época, propondo uma silhueta completamente diferente de tudo da época - e dos últimos 100 anos!


apesar da inovação que trouxe para a moda, lucile teve seu resgate do titanic associado a polêmicas e escândalos nos tablóides: ela, seu marido e mais 10 passageiros da 1a classe embarcaram no primeiro bote a sair do

navio, que comportava 40 pessoas.


os 12 passageiros do bote 1: lucy é a 3a pessoa de pé

dizem que disse para sua empregada, que se salvou com ela no bote, enquanto via o magnânimo navio afundar: "lá se vai aquela linda camisola que eu te dei". quando os membors da tripulação que estavam no bote comentaram sua tristeza de terem perdido seus empregos, ganha-pão e colegas, lucy deu 5 libras para cada um, o que foi interpretado como um suborno mesquinho para que eles não voltassem para resgatar mais passageiros.


nesse link há uma transcrição do relato em 1a pessoa de lady duff gordon do dia em que o titanic bateu no iceberg. nesse link, um compilado editado de momentos da autobiografia da estilista.


telegrama que lucy escreveu para sua família avisando que estava a salvo:


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