texto publicado originalmente na fresh people
Jaquetas de couro, bottons, spikes, coturnos, creepers, moicanos, camisetas gráficas: o starter pack do visual punk que, antes de ser reapropriado e comercializado de múltiplas maneiras pela cultura pop nos últimos 45 anos, foi eternizado por bandas como The Exploited, The Damned, Ramones e, claro, The Clash.
Esses itens podem ter se tornado um clichê da imagem punk, mas cada uma dessas bandas personalizava e lapidava a estética com seu repertório e gostos pessoais, cada qual criando sua distinta assinatura de estilo - e poucas personalidades da 1a onda do punk, lá no fim da década de 1970, trouxeram mais elegância para o movimento do que Joe Strummer, à frente do Clash.
O refinamento estético de Strummer não era apenas uma afirmação de estilo: ele estava presente em sua música também, e nas origens rockabilly de sua banda anterior, The 101'ers, em ativa por volta de 1974. Nessa época, Strummer atendia pelo nome Woody Mellor, uma referência a Woody Guthrie, músico country popular nos EUA na década de 1940 por suas letras antifascistas.
Foi quando os 101'ers fizeram um show de abertura para os Sex Pistols que Strummer decidiu se reinventar como músico - e uniu a sonoridade do rockabilly e country americano à agressividade, iconoclastia e politização do novo som que surgia no Reino Unido, o punk, para criar o The Clash.
Esse *clash* de referências estava presente não apenas na música, mas no estilo pessoal de Joe Strummer, que misturava elementos clássicos do punk, como os supramencionados coturnos e jaqueta de couro, com itens provenientes da estética Americana de seu passado rockabilly, como camisas e chapéus country e botas de cowboy.
O resultado era uma interpretação pessoal do que um visual punk deveria ser, que representava a multiplicidade artística de Strummer e sua banda - além de contribuir com a criação de sua persona artística rebelde e politicamente consciente: um estilo múltiplo para um roqueiro multifacetado.