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  • Foto do escritormelody erlea

ouvindo basquiat

[esse post acompanha uma playlist! vem ouvir o que basquiat ouvia!]


quando basquiat era criança, ele sentava no chão da sala desenhando enquanto seu pai escutava jazz. a improvisação dos pioneiros do bebop causaram uma profunda impressão no jovem artista, e isso se reflete tanto nas suas técnicas de pintura - muitas vezes com improvisos, rabiscos, mudanças repentinas - quanto nos seus temas. charlie parker é uma referência constante em suas obras, assim como dizzy gillespie, miles davis e outros gênios do jazz.

se jazz e bebop foram uma base referencial em sua história pessoal, basquiat cresceu para seguir intimamente influenciado pela música, pelas pessoas fazendo música e pelas cenas musicais nas quais ele estava inserido.


se a improvisação do jazz despertou nele uma visão artística clara, as colagens musicais do hip-hop acabaram virando uma filosofia pela qual ele vivia e fazia arte - e que passaram a ser parte integral de suas técnicas de pintura. no jazz e no hip-hop ele encontrou uma expressão artística negra ao mesmo tempo ancestral e plural, e ele traduziu essa conexão em muitas das suas obras com colagens e improvisos.



basquiat passeava pelas cenas musicais como passeava pelos diversos círculos sociais que frequentava - do hip-hop ao punk, do jazz ao disco, o artista aprendeu a mesclar as diferentes linguagens e estéticas que experienciava, fazendo uma ponte entre a cultura negra e a cultura pop mainstream, entre a arte da periferia e as galerias, entre seu papel como artista na diáspora negra e seu acesso ao mundo branco das artes e das celebridades.


muitas de suas pinturas criam conexões e justaposições entre músicos do jazz e escravidão, entre política norte-americana e ancestralidade africana, entre a realidade racista na qual cresceu e as cenas de música e arte alternativa da nova york dos anos 1980 que ele passou a frequentar.

seu relacionamento com uma madonna pré-fama, sua conexão com o new wave (incluindo participação no clipe de rapture, do blondie) e com o no wave - movimento do qual participou com sua própria “banda de barulho”, chamada gray -, sua apreciação por música clássica, ópera, ritmos africanos, sua coleção de mais de 3 mil discos de vinil - tudo isso está sampleado, conectado e representado graficamente em muitas de suas obras. o melhor jeito de apreciar basquiat é ouvindo o que seus quadros tocam.



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